Tarumirim volta às aulas no dia 02 de fevereiro de 2011

Ronaldo Ferreira e alunos da EE. Francisca Hilária
O ano escolar para o municipio de Tarumirim começa no dia 01 de janeiro de 2011. Todas as escolas, municipais ou estaduais, terão, nesse dia, reuniões administrativas e pedagógicas, com o fito de planejarem o 1° semestre e prepararem uma boa recepção para os alunos, que voltarão a estudar no dia 02, quarta-feira.
A Escola Municipal Professora Ilda Pereira de Lima,  do Distrito Vai Volta, por exemplo, já definiu todos os detalhes para uma calorosa e agradável acolhida dos estudantes. Diretora, Pedagoga, professores e outros funcionários já deram jeito de preparar o ambiente da escola, músicas, pula-pula, comidas e muito mais.
Nesse clima de volta às aulas, o Secretário Municipal de Educação de Tarumirim, Ronaldo Ferreira, aproveita o momento para desejar aos educadores que trabalham em prol da educação tarumirinense muito sucesso em 2011.
Aproveita, ainda, a oportunidade para abaixo transcrever um texto de Cristovam Buarque, escrito às vésperas do volta às aulas de 2006, que reflete a real importancia que deve-se dar à educação brasileira e a quem nela trabalha.

Por Cristovam Buarque, fevereiro de 2006
"Todos os anos, o Brasil retoma o ritmo depois do carnaval. Mas, todos os anos, a história do Brasil recomeça com a volta às aulas. Nesse dia, anualmente, recomeça a construção do futuro do Brasil e das suas crianças, em função da educação que elas receberão. Em janeiro de 2003, logo no início do atual governo, propus ao ministro da Comunicação Social que o presidente Lula aproveitasse a volta às aulas para fazer seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional.
Sugeri que o presidente destacasse a importância daquele dia para o futuro de cada criança, especialmente daquelas que iam à escola pela primeira vez; que elogiasse os professores como os verdadeiros construtores da nação; que lembrasse às famílias que educação não se faz somente na escola, mas também em casa; que solicitasse aos meios de comunicação que se juntassem ao esforço nacional pela educação; e que declarasse que seu governo faria uma revolução no País, começando um grande salto na qualidade da educação básica.
Minha sugestão foi recusada, com o argumento de que não se deveria expor a figura do presidente em função de assuntos menores, para não vulgarizar sua presença na televisão. E não houve transmissão nacional. Posteriormente, presidente e ministros foram à televisão falar de pagamento da dívida ao FMI, operação tapa-buracos, transposição do rio São Francisco, cadastramento de aposentados. Muitos motivos têm justificado o uso da cadeia nacional para falar da coisa séria que é a economia, mas não há justificativa para falar de educação.
Em 2004, já afastado do Ministério da Educação e sem contato direto com o presidente ou seu ministro, repeti minha sugestão. De nada adiantou. Poucas semanas após a volta às aulas, o presidente Lula discursou em um evento organizado pelo Banco Mundial em Xangai, para o qual eu também fora convidado. Ouvi atento o discurso sobre a pobreza no mundo, e notei surpreso que a palavra educação não tinha sido pronunciada uma só vez. Considerando que podia ter estado desatento, pedi uma cópia do texto. Li com cuidado, e confirmei a ausência da palavra educação. O problema da pobreza era tratado como decorrência do protecionismo das nações ricas aos produtores agrícolas, e a solução estava no livre comércio.
Em 2005 voltei a fazer a mesma sugestão, e em 2006 faço-a outra vez. Porque se o dia-a-dia do Brasil começa depois do carnaval, o futuro do Brasil começa na volta às aulas.
Sem criança não há futuro; mas sem educação, o futuro não será satisfatório. Prova disso é que há 500 anos temos promovido a volta às aulas, mas seguimos com um presente insatisfatório em termos de desigualdade, violência, corrupção, falta de instituições políticas sólidas, destruição do meio ambiente, desarticulação das famílias, caos urbano. A forma como a educação de nossas crianças é relegada não é a única causa dos constrangimentos por que passa o Brasil, mas certamente é a principal das causas.
Nestas semanas, 40 milhões de crianças brasileiras deveriam estar voltando às aulas, em horário integral, com professores bem remunerados, bem preparados e dedicados, em escolas bem construídas e bem equipadas, com prefeitos motivados e metas que definissem a responsabilidade de cada um deles na construção do futuro do Brasil. Mas isso não vai acontecer. Parte dessas crianças nem sequer se matricularão, as matriculadas não freqüentarão as aulas com a assiduidade devida, as que freqüentarem encontrarão professores mal remunerados, desmotivados, não contarão com equipamentos necessários, os pais considerarão que a responsabilidade é da escola. Assim, a cada ano, em vez de iniciarmos o futuro do Brasil, faremos de conta que houve uma volta às aulas.
Certamente, o presidente não falará em cadeia nacional. Por isso, continuarei repetindo a sugestão, esperando que um dia um presidente acabe com o faz-de-conta da educação brasileira, passe a considerar a escola como o berço da Nação, vá ao rádio e à televisão falar do assunto e mobilizar o País pela sua construção."

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Artigo publicado no jornal 'O Globo' no dia 04/02/2006.